Diálogos da Esfinge

Inicio aqui meus diálogos com a esfinge, afinando a escuta com o oráculo interior. Serei pergunta e resposta. Por vezes o silêncio, a lucidez e a loucura. Trocarei de papéis e de mistérios. Assim, caminho em direção à esfinge, despindo-me vagarosamente dos meus medos. E vou nua. Ao pé da esfinge, deposito o gesto e a intenção. Ergo os olhos e encaro o que me devora e não me apavora, nesse momento, essa fenda no abismo. Corro o risco da decifração. Eis-me aqui, nesses diálogos...

quinta-feira, março 16, 2006

Entre pergunta e resposta, o mistério





















O que se perdeu
entre pergunta e resposta
está perdido, partido...
Os meus sentidos cheios
de nunca mais
de uma metade que me falta
e me sufoca com ausência
ressentida...
O que se perde (ainda)
entre pergunta e resposta
vacila no silêncio
fora de mim
e eu ouço...
O que se perde
de tão perdido dentro de mim
já não me encontra
no balanço da gangorra
e só eu sinto...
O que se perdeu
O que está perdido
O que se perde ainda
Entre pergunta e resposta
Contempla a face da esfinge
Que sou EU
Que só EU
Que EU
No NUNCA mais
Da METADE que me falta
E era o TODO que me completava.
Entre pergunta e resposta
Vejo a metade ausência
Mesmo que ainda dentro de mim
O que se perdeu
O que está perdido
O que se perde ainda
Paralisa o tempo
Do meu amor dentro de mim
Do meu amor fora de mim
Entre pergunta e resposta
Entre não-perguntas e não-respostas
Um QUASE
Um QUANDO
Um AGORINHA mesmo
Do meu amor dentro de mim
Do meu amor fora de mim
O tempo todo a contemplar
Os mistérios de se perder
Os mistérios de se encontrar
A metade que me falta
Na face da esfinge
Murmura impassível
sem perguntas e sem respostas
A falta que me faz
Nesse silêncio
Aquilo que era só meu
Meu EU
O que se perdeu
O que está perdido
O que se perde ainda
É o que se cala
Nesse diálogo da esfinge...
E é um diálogo partido
Um DIÁLOGO partindo
Um diálogo me partindo
E o mistério é que me calo
Quase me parindo
Com minhas palavras
Embrulho os silêncios desse diálogo
E os deposito com cuidado
Aos pés da esfinge
Que CONTINUA...
Perguntas e respostas
Não-perguntas e não-respostas
Sem perguntas e sem respostas
A esfinge silenciosamente
Cala dentro de mim
O mistério partido
Da metade que me falta
E me COMPLETAVA.

Goiânia, 16-3-2006.

2 Comments:

At 2:36 PM, Anonymous Anônimo said...

A vida bem vivida é um constante retirar de máscaras...é olhar-se no espelho e ter a certeza que se É e nessa busca do Ser, você me encanta com usas palavras, doces, verdadeiras, líricas, poéticas, sentidas...
Mil beijos!

 
At 2:36 PM, Anonymous Anônimo said...

A vida bem vivida é um constante retirar de máscaras...é olhar-se no espelho e ter a certeza que se É e nessa busca do Ser, você me encanta com usas palavras, doces, verdadeiras, líricas, poéticas, sentidas...
Mil beijos!
Marley

 

Postar um comentário

<< Home