No caminho da esfinge
No caminho da esfinge
As palavras soltas
Guardavam travas
Na ponta da língua
Os NÓS cegos
Invisíveis sentimentos
Caminhavam ao lado
E pousavam a mão
Do destino no meu ombro
Aqueles presságios
Queimavam meu coração
Mas eu já estava no caminho
Onde havia uma floresta
E a trilha batida se perdeu
Em algum passo desatento
Em algum passo feliz
Em algum momento exuberante
A floresta me engoliu
E me propôs a digestão
Do fundo do poço
Os calabouços
Em que encolhi
E recolhi
Palavras soltas
Que guardavam travas
Na ponta da língua
Os nós
Todos cegos
No caminho da esfinge
Agarrei-me aos rabichos
Daquelas palavras soltas
E forcei as travas
E cravei os dentes
Naqueles nós
E alguma essência
Ínfima e concentrada
Envenenou aqueles dias
Os meus sentidos
Os meus passos
Cada vez mais
Confusa
No caminho da esfinge
Que me puxava como um feitiço
E exigia decifração
Além do meu medo
Além das migalhas de pão
Dos meus passos na trilha batida
Refiz a coragem
E mergulhei no poço
Que se abria
Dentro de mim
No caminho da esfinge
Aprendi antes de tudo
A recolher
Os cacos do meu espelho
Misturados à lágrimas
E cortes
E a olhar fundo
Além das nuvens
Além das miragens
Além das linhas tortas
Das palavras soltas
Que encontrei e toquei
E fui tocada
Nos reflexos daqueles cacos
No caminho da esfinge
As travas
Os nós
Que estou aprendendo a soltar
Que estou aprendendo a desatar
Dentro de mim
A decifração
Que me devora
Com todos os sentidos
Das palavras
A compreensão
No caminho da esfinge
Que me chama
Como um feitiço
No fundo do espelho
Onde estou
AGORA
Só com a esfinge.
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