Janelas me espreitam
Janelas me espreitam
No tortuoso caminho da esfinge
Elas me chamam de um jeito antigo
De dentro de mim
Elas me exigem o olho
Que viu fundo o que não entendi
E que me incomoda tanto
Janelas me espiam
E sinto que de lugares futuros
E me desmontam agora
Como um quebra-cabeça
De imagens e sentimentos
Que perderam as taramelas
E gritam por decifração
Nos cacos do espelho
Perspectivas distorcidas
Evidenciam o enigma
Que bóia indiferente
Nesses dias de silêncio
De diálogo pra dentro
Janelas me engolem
No escorregadio caminho da esfinge
Recolho a ilusão dos cacos
Do espelho impossível
Saltam figuras tristes
Fragmentos das minhas dores
Poças de lágrimas
(Algumas cristalizadas)
Palavras que ficaram na chuva
Outras que ainda escorrem
Na correnteza desses dias
E umas mais insistentes
Que fincaram raízes
Nesses diálogos com a esfinge
E esperam a lâmina afiada
O corte quente da verdade
Essas janelas me assombram
Mas também me seduzem
De dentro de mim
Irrompem saltos
Uma acrobacia esquisita
Um balé sem corpos
Uma dança sem música
PALAVRAS
As minhas palavras batem
Esmurram com fúria
As janelas que vejo
As janelas que me encontram
No caminho da esfinge
E me engolem por dentro
E eu devoro com palavras
Essa estranheza
Que exige decifração
E que eu devolva o olho
O olho que viu
Mas só eu compreendo
O quebra-cabeça
Do que se partiu
Nos cacos do meu espelho
E que também exige
O OLHO
A JANELA ABERTA
A DECIFRAÇÃO.
Goiana, 12-4-2006.
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