A lei da esfinge devora
Pulei a janela de um tempo
Pulei o muro de dentro
Pulsei dentro do templo
Pulsei aos pés da esfinge
Pulei noites do meu medo
Pulei dias do seu segredo
Pulsei e pulei nas duas pontas da corda
Pulsei e pulei todas as voltas
Saltei a janela, o muro, o templo
Soltei a fúria, o bicho, o olho
Desamarrei a espera e as perguntas
Desatei também o choro
Desfiz as crenças de um sonho raro
Recolhi meus delírios e minhas perdas
Revolvi tudo com a revolta dos atos inúteis
Rebusquei com palavras a essência
Rabisquei uma ponte num lugar sem horizonte
Desarmei as palavras de uma travessia longa
Desembaracei os passos de uma certeza dura
Refiz o trajeto da procura e da ausência
Reconduzi o olho como quem testemunha um crime
Recolhi a culpa e as roupas sujas
Retalhei camadas da minha pele
Desembrulhei a fúria do olho
Desenterrei a memória flutuante
Raspei na pedra crua a inscrição do enigma:
Decifra-me enquanto eu te devoro!
A lei da esfinge DEVORA
Não há negociação possível
O OLHO mira
O OLHO busca
O OLHO ENCONTRA
A minha fragilidade é ser forte
Aos pés da esfinge fico calma
E espero a leitura dos dias que virão.
Goiânia, 12-4-2006.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home